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Como tudo começou

4 de novembro de 2016 — by Carol Pio Pedro0

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Mês passado compartilhei um pouco da minha história e de como surgiu o 30 Jours à Paris no blog Do Brasil Para VocêApesar de escrever bastante sobre minhas experiências e interações com Paris, foi a primeira vez que escrevi sobre a Carol… as dúvidas, inseguranças e incertezas que tive (e tenho) ao longo do caminho. Um exercício nada fácil para quem se condicionou a varrer essas “fraquezas” para debaixo do tapete no campo profissional, mas é justamente o fato de aprender a lidar melhor com elas que tem me libertado e me feito andar pra frente.


Viagens, no geral, têm o poder de nos educar, inspirar, mostrar que existem várias formas de se levar a vida e que as possibilidades são muito maiores do que enxergamos quando estamos no modo automático e programado da rotina.

No início de 2015 saí da empresa onde atuei por 5 anos e meio na área de marketing. Estava esgotada, sem certezas para onde ir ou o que fazer. Foi aí que meu marido me sugeriu viajar “pra qualquer lugar, Carol! Se quiser meditar no Nepal, vai. Se quiser conhecer a China, vai. O que você quiser fazer eu apoio. Mas pensa bem… vai fazer alguma coisa nova, diferente. Vai se divertir”.

Imagino que essa atitude possa parecer estranha para muitos casais, mas não pra nós dois. Os grandes momentos das nossas vidas sempre estiveram atrelados às viagens que fizemos – sozinhos ou não. Um salto importante na carreira dele, o pedido de casamento, as mudanças de percurso que decidimos juntos, a compra do apê, e por aí vai. Viajar é um intensivão de felicidade e aprendizado pra gente e, ainda que não estejamos juntos pra compartilhar todos os momentos daquela experiência, saber que o outro está feliz é motivo mais do que suficiente pra apoiar uma decisão como essa.

Alguns lugares me passaram pela cabeça, mas logo de início me veio Paris, cidade que já conhecia e gostava. Estudei a vida toda num colégio francês aqui em São Paulo, mas após 15 anos de formada, já não conseguia mais me comunicar no idioma. A oportunidade parecia perfeita: estudar algo novo, mergulhar em uma cultura que fez parte da minha formação e conhecer, de verdade, a cidade que me deu tanta alegria na primeira vez que a visitei (foi ali que o Danilo me pediu em casamento)!

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Sim! (maio 2011)

Para planejar a viagem contei com a ajuda de uma amiga de escola que morou muitos anos em Paris. Coincidência ou não, o studio que havia gostado para alugar ficava a poucas ruas de onde ela morava. Ela também me indicou uma escola de idiomas que seus conhecidos haviam frequentado e gostado bastante. Com ela aprendi tudo o que precisava para conseguir me virar sozinha nos primeiros dias: rotas de casa pro colégio, características do bairro, sua localização e comércio, o transporte público e aluguel de bicicletas, plano de celular pré-pago e dicas de alguns lugares fora do roteiro turístico.

À medida que recebia essas informações me sentia mais conectada com o lugar. O planejamento me trouxe conhecimento e segurança, dois pontos que considero extremamente importantes pra realização de uma boa viagem, principalmente se você viaja desacompanhada.

Cheguei em Paris numa manhã de primavera gelada, no fim de março de 2015. Era sábado e isso me dava tempo para botar em prática tudo o que havia planejado: “conhecer o terreno”, abastecer a casa, comprar simcard de celular e passes de metrô, ou seja, me situar.

Foram muitas surpresas boas naquele primeiro dia: um funcionário do prédio que me ajudou com questões práticas do studio, o metrô que estava liberado – gratuito – para incentivar a população a não usar seus carros por conta do alto índice de poluição, o esforço e simpatia do dono da boulangerie para entender meu francês macarrônico, a sensação de segurança ao passar por ruas desertas numa região não turística e a emoção de chegar na Notre-Dame (ponto que tomei como referência para me nortear) e encontrá-la praticamente vazia (até então eu não tinha me dado conta de que estávamos na baixa temporada)! Tudo isso me trouxe ainda mais certezas de que dias incríveis estavam por vir.

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A ideia de ter uma rotina de 4 horas de estudo por dia me animava. Era o único compromisso que teria comigo mesma e estava disposta a correr atrás do prejuízo para conseguir me comunicar e me inserir na cultura local.
A dificuldade inicial de acompanhar a turma já era esperada, mas eu tinha ao meu favor algo muito raro hoje em dia: tempo. Os colegas de classe ajudavam muito, mas não tinham as tardes disponíveis. Todos eles – chineses, venezuelanos, russos, espanhóis, americanos – estavam ali por razões claras: aprimorar o idioma por conta do trabalho ou dos estudos. Só eu dispunha de tempo livre e precisava praticar o máximo possível do que aprendia com quem quer que fosse.

Foi assim que dediquei todas as minhas tardes a visitar inúmeros lugares e a praticar francês – e quanto a esse aspecto preciso dizer que só encontrei gente simpática no meu caminho! À medida que ganhava confiança na língua e na própria cidade ia me aventurando mais. Com o passar dos dias fui me adaptando à vida cotidiana deles e percebendo o quanto Paris é maravilhosa em grandes aspectos e pequenos detalhes.

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Rotina é rotina em qualquer metrópole: a correria matinal para o trabalho/ escola, a impaciência e pressa no metrô, o encontro com os amigos pro happy hour ao final de um dia cheio… Tudo parecido com nossa realidade em São Paulo, com a grande diferença de que lá a cidade contribui pro bem-estar do cidadão: o planejamento urbano, o deslocamento por meio de transporte público de ampla cobertura, os diversos espaços de lazer a céu aberto, a segurança, o respeito pelo próximo. Tudo isso reflete diretamente no comportamento de cada um e, consequentemente, na vida em sociedade. Enquanto os parisienses ocupam as ruas e interagem muito mais com os espaços públicos, nós nos excluímos cada vez mais de tudo e todos em lugares fechados, que pouco dialogam com a cidade.

Como se tudo isso não bastasse, entra o lado mágico da coisa: uma atmosfera diferente que só quem conhece, sabe! À cada esquina, algo incrível pra ver. As opções culturais e de lazer pipocam em todos os cantos e agradam a todos os gostos, dos mais tradicionais aos moderninhos. A leitura que se tem de Paris é equivocada: a de um lugar que só sabe ser romântico, clássico e austero. Mas existe um lado dinâmico, jovem e divertido que muitos desconhecem e vale a pena descobrir. Tem pra todos os gostos!

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A verdade é que eu me apaixonei por Paris… perdidamente! E me acostumei com todos esses luxos que o dinheiro não compra.

Durante os trinta e poucos dias que passei por lá, reuni uma grande quantidade de fotos e uma imensa lista (lista mesmo) de lugares que visitei – parques, jardins, vistas, museus, cafés, pontes, praças, ruas, lojas, escadarias, bares e restaurantes – desde endereços autênticos e frequentados por locais aos mais turísticos. Comecei, então, a compartilhá-los no Instagram que criei dedicado à essa viagem, o 30 Jours à Paris (@30joursaparis), que significa “30 dias em Paris”.

A viagem acabou, eu voltei para São Paulo, mas continuei me dedicando ao perfil na rede social. De repente, uma divulgação inesperada de um perfil dedicado a livros (@minha_estante_) fez com que chovessem novos seguidores e, então, eu me dei conta de que poderia pensar em um projeto bacana que me desse prazer e orgulho e que me mantivesse próxima à Paris.

Passei a estudar a cidade e a acompanhar as notícias e novidades diariamente. Antes de postar qualquer foto, pesquisava sobre o lugar para escrever um post que relatasse um pouco de história e também minhas percepções. A vontade de escrever era tanta que já não cabia mais no Instagram e foi aí que decidi começar o blog, em setembro de 2015. Depois veio a demanda de roteiros personalizados, os contatos e parcerias que começaram a surgir com empresas e agências parisienses e, desde então, volto à Paris a cada 6 meses.

O que começou como um hobby despretensioso tem me aberto um novo mundo e muitas possibilidades. Meu marido e eu temos planos para o futuro que envolvem uma temporada fora, mas isso precisa ser planejado com calma. Não sei ao certo onde tudo isso vai dar, mas pela primeira vez em muito tempo estou curtindo o caminho… e mais feliz do que nunca com o parceiro que essa vida me deu.

Carol

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