Uma das lendas de Paris mais conhecidas nos leva de volta à Idade Média, no fim do séc. XIV, à Rue des Marmousets (atual Rue Chanoinesse) na Île de la Cité. Conta-se que essa rua abrigava uma barbearia e uma pâtisserie, e que, em 1387, os donos desses dois estabelecimentos elaboraram uma estratégia macabra para aumentar seus lucros…
Primeiramente, é preciso entender que essa região era bastante popular entre os estudantes estrangeiros naquela época, principalmente pelo fato de que a proximidade com a Catedral de Notre-Dame conferia direitos especiais aos residentes, como imunidade legal e isenção fiscal. Assim, esse público específico veio procurar abrigo aqui e foram acolhidos pelos cônegos que, de bom grado, alugavam seus quartos vagos.
O problema é que, por vezes, alguns estudantes desapareciam, mas acreditava-se que haviam sido vítimas de bandidos – o que era bastante comum naquele tempo de miséria… Até que um dia descobriram o real motivo do sumiço desses estudantes, graças a um cachorro!
Foram os latidos insistentes de um cão, que permaneceu dias em frente à porta do barbeiro à espera de seu dono (um estudante alemão que entrou na barbearia e não mais saiu), que levantaram a suspeita dos vizinhos e, finalmente, descobriram o horrendo crime que os dois comerciantes praticavam.
Pressionado, o barbeiro confessou que matava os jovens na cadeira de barbear, passando sua navalha na jugular deles e que, por um alçapão, jogava os corpos em seu porão que se comunicava com o do pâtissier e este, por fim, preparava tortinhas de carne vendidas aos cônegos e outros oficiais da Catedral de Notre-Dame.
Reza a lenda que a torta da Rue Marmousets era um sucesso tão grande que o próprio rei Carlos VI encomendava entregas regulares! Diz-se ainda que após o crime vir à tona, vários clientes morreram de tristeza ao saberem que o recheio era preparado com carne humana.
Ambos os assassinos foram queimados vivos em uma gaiola de ferro e suas casas, completamente destruídas. Não há provas de que esses crimes realmente aconteceram, mas dizem que os estabelecimentos ficavam onde hoje está a garagem da polícia da Île de la Cité e que o único vestígio do passado macabro encontra-se nos fundos do prédio: um bloco de pedra supostamente usado para corte pelo pâtissier sanguinário.
Atualmente, a Rue Chanoinesse é um oásis de tranquilidade, assim como as demais ruazinhas do entorno. Particularmente, adoro essa área da Île de la Cité, com traços medievais bastante preservados e muito menos gente circulando, ainda que estejamos a um quarteirão da Notre-Dame.
- Local do possível crime: Garagem da polícia da Île de la Cité
- Endereço: 20 Rue Chanoinesse, 75004 Paris
- Metrô: Cité (linha 4)
Fonte:
- https://parciparla.fr/petits-pates-chanoinesse-paris/
- http://www.paris-a-nu.fr/le-barbier-egorgeur-de-la-rue-chanoinesse/
Bisous,
Carol