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Igrejas parisienses fora do radar

1 de junho de 2017 — by Carol Pio Pedro0

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Quando pensamos em igrejas parisienses, automaticamente algumas vêm à mente: a Notre-Dame com suas gárgulas fantásticas; a obra-prima gótica Sainte-Chapelle, a Sacre-Coeur no alto da colina de Montmartre ou a igreja de Saint-Germain-des-Prés, a mais antiga da cidade ainda de pé.

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Somente em 2015, 13,6 milhões de turistas visitaram a Catedral de Notre-Dame e 10 milhões de pessoas, a Basílica de Sacre-Coeur. Sem sombra de dúvidas são as duas igrejas mais famosas de Paris e devem constar no roteiro de quem visita a cidade pela primeira ou décima vez. Gosto tanto da Notre-Dame que nunca deixo de vê-la, ainda que seja uma visita aos seus jardins, dependendo do tamanho da fila que se forma em frente à entrada :)

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Mas a Capital francesa conta com uma infinidade de belíssimas igrejas em diferentes estilos arquitetônicos e repletas de história, muitas delas pouco conhecidas, ainda que situadas em locais de passagem e próximas a importantes pontos turísticos. Outras, se escondem em quartiers residenciais longe do alcance dos visitantes.

Confira uma seleção de igrejas para visitar quando estiver nas proximidades de:

1- Montmartre

No topo mais alto da cidade está a Sacre-Coeur vigiando todos os parisienses. Os arredores da Basílica e, principalmente, suas escadarias são repletas de turistas disputando uma boa vista para eternizar o momento. Em outro ponto bem mais calmo do bairro, no meio do percurso até o topo da colina, há uma igreja simpática construída com tijolos vermelhos que se debruça sobre o carrossel da Place des Abbesses e compõe a atmosfera charmosa que se completa com a romântica intervenção artística Le Mur des Je T’Aime a cinco passos dali. A Église Saint-Jean de Montmartre começou a ser erguida em 1894 inspirada no estilo Art Nouveau que, na época, chocou o Ministério de Assuntos Religiosos e quase foi demolida. Após muitos embates e alguns ajustes arquitetônicos por ordem da abadia, as obras são retomadas e a igreja é concluída em 1904.

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  • Endereço: 19 Rue des Abbesses, 75018 Paris
  • Metrô: Abbesses (linha 12)

2- Palais Royal

Nas proximidades do Palais Royal, no 2ème, há inúmeras galerias cobertas para serem exploradas. Lugares como a Galerie Vivienne, Galerie Colbert. Galerie Vero-Dodat, entre outras. Uma das cinco praças reais também está aqui, a Place des Victoires, que atrai pelo formato circular e conjunto arquitetônico. A 160 metros desta praça, a partir da saída pela rue Vide Gousset, chega-se à Basílica Notre-Dame des Victoires, construída em 1629 e financiada por Louis XIII em gratidão às suas conquistas. Esta é uma das cinco “basílicas menores” de Paris.

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  • Endereço: Place des Petits Pères, 75002 Paris
  • Metrô: Bourse (linha 3)

3- Louvre

Em frente à parte mais antiga do Louvre, na rue de Rivoli com a rue de l’Oratoire,  há uma construção magnífica que compreende a lateral e os fundos da igreja protestante L’Oratoire du Louvre, consagrada em 1750. As galerias da Rue de Rivoli e a estátua do almirante de Coligny são espetaculares e chamam mais atenção do que a própria fachada da entrada principal na rue Saint Honoré. Em 1811, os planos de Napoleão para expansão do Louvre até o Tuileries exigiam a demolição de todas as construções que estavam no caminho, entre elas a antiga igreja de Saint-Louis. Com a perda de um templo protestante nas redondezas, o culto foi então instalado no Oratoire du Louvre no mesmo ano.

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  • Endereço: 145 Rue Saint Honoré, 75001 Paris
  • Metrô: Louvre-Rivoli (linha 1)

4- Arts et Métiers

A mistura dos estilos gótico e renascentista está caracterizada na igreja católica Saint-Nicolas-des-Champs situada ao norte do Marais, a poucos passos do Museu de Artes e Ofícios. Sua origem remete ao ano de 1184, quando se tratava somente de uma pequena capela na vila de Saint-Martin des Champs. Com o passar dos séculos e expansão da cidade, este vilarejo é anexado à Paris e a construção da igreja atual inicia-se no século XV. A paróquia é fechada após a Revolução, em 1793, e reaberta somente em 1802. Sua arquitetura e as inúmeras obras de arte que abriga são testemunhas da história parisiense.

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  • Endereço: 254 Rue Saint-Martin, 75003 Paris
  • Metrô: Arts et Métiers (linhas 3 e 11)

5- Butte aux Caille

A curiosa Église Antoiniste construída em 1913 se encontra na junção das ruas Vergniaud e Wurtz, no 13ème. O templo é dedicado ao culto do L’ Antoinismeuma seita religiosa criada na Bélgica, em 1906, por Louis-Joseph Antoine (1846-1912). As crenças do antoinismo combinam alguns elementos do catolicismo, reencarnação e cura.

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  • Endereço: 34 rue Vergniaud, 75013 Paris
  • Metrô: Place d’Italie (linha 7)

Bisous,

Carol

Dicas úteis

Noite Europeia dos Museus 2017

15 de maio de 2017 — by Carol Pio Pedro0

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Na noite do próximo dia 20 de maio ocorrerá a 13ª Noite Europeia dos Museus com programação cultural intensa e gratuita ao redor da Europa, em 3o países. Mais de 3 mil museus abrirão suas portas a partir das 18h| 19h para recepcionar o público até 00h| 01h do dia 21 com atividades especiais, como projeções, performances artísticas, concertos, visitas guiadas iluminadas e muito mais.

Somente em Paris, 65 museus participarão deste que é um dos maiores eventos culturais na cidade e uma excelente oportunidade para descobrir a Paris à noite! Os principais museus, como Louvre, d’Orsay e Pompidou participarão, mas fica aqui minha sugestão para que conheça museus fora do circuito turístico, como: Musée des Arts et MétiersMusée Nissim de Camondo, Musée Cernuschi e Musée National Gustave Moreau, entre tantos outros.

Confira a programação completa aqui e atente-se para os horários de abertura e encerramento que variam de museu para museu.

Profite bien!

Bisous,

Carol

Onde ir

História | Bastille

9 de maio de 2017 — by Carol Pio Pedro0

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Coluna Joenilson Silva – Paris est ici


Bonjour tout le monde!

Quem nunca ouviu falar da “Queda da Bastilha?! Mas o que foi a Bastilha? Qual sua importância na Revolução Francesa? Onde era localizada a Bastilha? O que resta dela atualmente? É possível ver traços dela ainda hoje?
D´accord, hoje desceremos na estação Bastille do metrô parisiense para conhecermos um pouco mais da história dessa antiga prisão do “Ancien Régime.”

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Colonne de Juillet – Place de la Bastille

A Bastilha: o antigo Bastião de Saint-Antoine construído no século XII, durante a Guerra dos Cem anos, era um mero portal para o bairro de Saint-Antoine, mas já em 1383, o portal fora ampliado para servir de fortaleza e defender o lado leste de Paris. De tão robusta que ficara a fortaleza da Bastilha, logo se tornaria a temida prisão parisiense, sendo o rei Louis XIII a ser o primeiro monarca a enviar prisioneiros para lá.

Ao longo do tempo a prisão foi perdendo seu status de fortaleza medieval e, no século XVIII, aquele lugar que causara tanto sofrimento, agora mais parecia um lugar de lazer e se transformara, realmente, em um grande depósito de armas do exército francês. Mas, justamente, por ter se transformado num grande depósito de armas e munição da “la grande armée” é que a Bastilha estava com seus dias de paz contados.

La Prise de la Bastille (a tomada da Bastilha): a tomada da Bastilha, assim como o Juramento do Jogo da Péla, são os fatos marcantes do início da Revolução Francesa e, certamente, um dos grandes eventos que marcaram, não só a história da França, como também de todo o mundo ocidental.

A história remonta ao 14 de julho de 1789, nos jardins do Palais Royal,  quando o periodista revolucionário Camille Demoulins incitava todo o povo a marchar para o que ele chamou de caminhada para a liberdade. Talvez, nem o mais leigo dos franceses acreditasse que aquele ato que culminaria com a queda da prisão de la Bastille fosse mudar para sempre as estruturas do mundo ocidental.

Alimentados pelo fervor revolucionário, imbuídos pelas palavras de Demoulins, Robespierre, Danton, Marat e tantos outros oradores naquela manhã de 14 de julho, o povo parte; burgueses, desempregados e artesãos, todos marcham a um só destino: ao Hospital dos Inválidos, onde se sabia haver um considerável arsenal. Foram pilhados pela multidão cerca de 300.000 fuzis, mas lhes faltava o essencial: a pólvora. À frente da turba estava ele, sempre ele, Camille Demoulins, que logo guiou aqueles famintos de alimentos e de esperança para onde havia a vianda que faltava para o estopim da Revolução Francesa. A pólvora estava na já combalida prisão da Bastilha. Depois de um breve combate com uma centena de mortos, a Bastilha fora tomada e seus sete prisioneiros libertados.

Após o evento da tomada, a Bastilha já começara a ser demolida, em 16 de julho de 1789, ficando a cargo do monsieur Pierre-François Palloy, dito o “Patriota”, dono de uma empresa de demolições. Porém, ao final do trabalho e não tendo recebido o pagamento, Palloy ficara com a maioria dos escombros, principalmente as pedras menores, com as quais ganhou uma verdadeira fortuna vendendo-as como suvenires e esculpindo nelas réplicas da fortaleza da Bastilha. Ele também organizou passeios guiados com turistas para conhecerem aquele que teria sido o palco do maior evento da Revolução Francesa. Já os blocos maiores foram utilizados para terminar a construção da Pont de la Concorde. Hoje quando atravessamos essa ponte, estamos, literalmente, pisando em uma parte da história da França.

A Bastilha hoje: a prisão era situada justamente na praça onde hoje está erguida a Colonne de Juillet, que muita gente confunde como sendo um símbolo da queda da Bastilha. Não, a coluna de julho foi inaugurada em 1835 em comemoração aos três dias gloriosos de batalha que depôs Charles X. No alto da coluna repousa a alegoria Génie de la Liberté, obra do escultor francês Auguste Dumont.

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Detalhe da Colonne de Juillet (fonte: Paris_est_ici)
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Detalhe da Colonne de Juillet (fonte: Paris_est_ici)

Nessa mesma praça, em 1989, na ocasião do bicentenário da Revolução Francesa, foi inaugurado outro grande monumento: a Ópera Bastille. Mesmo que seja só para conhecer seu interior, vale muito a pena a visita a essa casa de ópera parisiense.

Ópera Bastille (fonte: Paris_est_ici)

Dica: anote alguns dos melhores endereços gastronômicos da região, todos servidos pela estação de metrô Bastille (linhas 1,5 e 8).

  • Brasserie Bofinger: 5-7 Rue de la Bastille, 75004 Paris
  • Les Grandes Marchés: 6, place de la Bastille | 75011 Paris
  • Café Rey-Bastille: 1 Rue du Faubourg Saint-Antoine, 75011 Paris
  • Chez Paul: 13 Rue de Charonne, 75011 Paris

Bonne visite à tous, et à bientôt.

Joenilson Silva


Joenilson Silva é ex-presidente da Aliança Francesa do RN e um apaixonado pela história da França, sobretudo por Paris. O novo parceiro do 30 Jours à Paris divide seu tempo entre a Ville Lumière e Natal, cidade onde reside, e no momento escreve um livro sobre os monumentos parisienses. Joenilson contribui com artigos históricos sempre regados com dicas e sugestões de quem conhece Paris na palma da mão.

Contato:

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Joenilson Silva – @Paris_est_ici