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Viagem ao passado: o mercado de pulgas de Saint-Ouen

4 de setembro de 2018 — by Carol Pio Pedro0

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Visitar o famoso mercado de pulgas de Saint-Ouen era desejo antigo que só se concretizou agora em maio – antes tarde do que nunca :) Estabeleci que esse passeio era prioridade e organizei tudo de modo que: 1- deixasse uma manhã/início da tarde livre para isso – o marché só funciona de sábado, domingo e segunda; 2- tivesse companhia, pois não queria ir sozinha por conta da localização, na periferia de Paris.

Para quem acompanhou a viagem pelos Stories, no Instagram, sabe que todo meu roteiro dessa vez foi montado pela Moncompass, uma agência com foco em experiências sob-medida em Paris, mas de acordo com nosso cronograma eu tinha o domingo livre. Não pensei duas vezes e convenci uma grande amiga que mora na cidade a ir comigo.

Saímos de Neuilly-sur-Seine de carro por volta das 10h e chegamos ao nosso destino em pouco mais de 15 minutos. Nossa opção pelo automóvel foi por pura preguiça, pois existe um metrô bem ao lado do marché, a estação Porte de Clignancourt, linha 4. Os arredores do marché estavam lotados e demoramos para achar vaga… conseguimos parar em uma ruazinha residencial mais para dentro do bairro e voltamos caminhando pela avenida principal.

O receio inicial de estar em um lugar em que nada se parece com os cartões postais de Paris passou depois de alguns minutos enquanto ainda caminhávamos pela calçada dessa avenida tomada por barracas com produtos falsificados e de baixa qualidade e em nenhum momento sequer nos sentimos acuadas. O problema é que no meio de tanta confusão não conseguíamos achar o acesso para o mercado das pulgas. Fomos e voltamos até o metrô duas vezes até que… voilà! Encontramos uma pequena entrada na rue Jean-Henri Fabre.

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Entrada do marché Vernaison

Situado na cidade vizinha de Saint-Ouen, o maior mercado de antiguidades do mundo é, na verdade, um conglomerado de 15 marchés dispostos por temas, com oferta de produtos e ambientes distintos. Alguns comerciantes estão instalados em lojas, outros em espécies de galpões (que de tão bem decorados parecem cenário de filme) e por último stands menores, e esse conjunto vai formando labirintos que se abrem eventualmente em ruas mais largas.

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A oferta é a mais variada possível, assim como os preços. Conheça um pouco sobre alguns marchés:

1- Vernaison: com 9.000m² e mais de 300 estandes, Vernaison é o marché referência, pois foi aqui que nasceu o Marché aux Puces Saint-Ouen, em 1920.

2-Antica: com pouco mais de uma dúzia de estandes e colado ao marché Vernaison, ali você encontra tapeçarias, bugigangas, art déco, Napoleão III.

3- Biron: antigo e prestigiado mercado de antiguidades, conta com 220 antiquários onde marchands de arte convidam os visitantes a compartilhar sua paixão por móveis, objetos de arte, joias, cerâmicas do oriente, art déco e art nouveau – do séc. XVII ao design contemporâneo.

4- Dauphine: inaugurado em 1991, o marché Dauphine oferece uma seleção de móveis e objetos sofisticados dos séc. XVII e XVIII e muitos objetos de arte dos séc. XIX e XX. Por aqui você também encontrará os bouquinistes (livreiros) e restauradores de arte.

5- Rosiers: não confunda com a rua de mesmo nome localizada no Marais. O marché Rosiers é um pequeno mercado com profissionais especializados em luminárias art deco, art nouveau, objetos em bronze e vidro do final do séc. XIX e início do séc XX.

Gastronomia

Já havia planejado de antemão onde almoçar, pois o marché abriga um restaurante que está super em alta, o Ma Cocotte. Projetado por ninguém menos que Philippe Starck, o menu oferece clássicos de bistrôs (como stake tartare e roast chicken) e de pubs (como hamburguers e fish&chips) e os valores são acessíveis (entradas em torno de 9€ e pratos principais em torno de 18€). O problema é que em determinado momento “topamos” com a entrada de um outro restaurante no meio de um corredor super estreito e confuso, e quando olhamos pela porta de vidro o que estava acontecendo ali dentro decidimos ficar.

Entramos no mundo paralelo e apertado do Chez Louisette,  instalado dentro do marché desde 1967. O bistrô é repleto de souvenirs (igual casa de vó), luzinhas piscantes, muitos quadros e recortes de jornal pendurados na parede, um pequeno palco suspenso montado ao lado da porta, uma banda e cantores animadíssimos (idade média por volta dos 65 anos) que se revezam cantarolando chansons francesas. Uma em especial é a atração do lugar: a cantora Manuela que interpreta Piaf há mais de 40 anos. O cardápio serve clássicos franceses e sobre isso tenho que falar que minha amiga e eu dividimos um prato ma-ra-vi-lho-so  e  super bem servido! Não me recordo o nome ao certo, mas era um bife ao molho da casa!

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Retornamos para casa por volta de 15hs felizes depois de uma volta ao passado – assim considero o passeio ao marché! Recomendo aos que gostam de feiras de antiguidades ou simplesmente aos que buscam passeios alternativos na cidade. Próxima vez retornarei para comer no Ma Cocotte e depois conto para vocês.

  • Onde: Marché aux Puces de Saint-Ouen
  • Horário: sábado (9h as 18h); domingo (10h às 18h) e segunda (10h as 17h).
  • Metrô: Porte de Clignancourt (linha 4)

Bisous,

Carol :)

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Doces “made in” Paris

15 de agosto de 2018 — by Carol Pio Pedro6

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Adorei o artigo que o blog Paris ZigZag publicou a respeito dos doces icônicos que foram criados na capital francesa e resolvi traduzi-lo para compartilhar com vocês. Para ver o post original clique aqui.

As vitrines das pâtisseries parisienses enchem nossos olhos e aquele cheirinho de massa amanteigada e chocolate são irresistíveis! Muitos desses doces são conhecidos mundialmente, mais quais, de fato, são “made in” Paris? As primeiras versões do macaron, por exemplo, não nasceram em Paris, mas na Itália. Descubra então quais são os doces realmente parisienses e um pouco de suas histórias!

Le millefeuille

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Você ama esse doce crocante de massa folhada coberta com creme especial? Então faça uma peregrinação pelo 7éme, mais precisamente, no número 28, rue du bac. Foi aqui, na antiga pâtisserie Seugnot, que o mil folhas (criado por François Pierre La Varenne, por volta de 1651) foi aperfeiçoado por Marie-Antoine Carême e ganhou fama no final do século XIX .

Paris-Brest

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Pequena charada: o que faz um chef pâtissier que é convidado a inventar um bolo em homenagem a uma corrida de bicicleta ligando Paris a Brest? Ele inventa um Paris-Brest! Quando, no final do séc. XIX, o organizador da corrida fez este pedido incomum para o chef parisiense Durand, este não procurou inspiração muito longe… ele inventou uma coroa em forma de uma roda de bicicleta, recheou com crème au beurre e polvilhou com amêndoas em flocos e açúcar de confeiteiro para torná-lo ainda mais apetitoso.

Saint-Honoré

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Para seguir os passos desta especialidade parisiense você deve ir à rue Saint-Honoré onde, em 1850, ficava a Chiboust, a pâtisserie mais famosa de Paris naquela época. Entre os que trabalhavam na cozinha, Auguste Jullien, um jovem chef Pâtissier que gostava de preparar brioches recheados com creme. A base na qual ele se beneficiou em sua carreira por ter inventado o Saint-Honoré, esse doce feito de massa folhada sobreposta por um chou coberto com caramelo.

Le Financier

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Se na Idade Média já se fazia bolos de amêndoa inventados pelas freiras, é apenas no final do século XIX que um parisiense os modernizou e inventou os financiers. Instalado perto da bolsa de valores, o chef pâtissier Lasne teve a idéia de oferecer docinhos de amêndoa que podiam ser degustados sem sujar as mãos de sua clientela composta em grande parte por… financistas! A invenção tem a forma de barras de ouro em referência à essa profissão, que também inspirou o nome do doce.

Le Baba au Rhum

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Não podemos mentir que o baba ao rum foi inteiramente inventado em Paris. Seu brioche vem de muito longe porque é originalmente uma especialidade polonesa. Mas foi em Paris que um chefe pâtissier teve a ideia engenhosa de injetar rum para deixá-lo mais macio! E não foi qualquer chef… trata-se de Nicolas Stohrer, o chef pâtissier do rei Luís XV e de sua esposa Maria, filha do rei da Polônia. Ainda hoje, podemos degustar o famoso baba ao rum na pâtisserie Stohrer, a mais antiga de Paris ainda em atividade instalada desde 1730 na rue Montorgueil.

L’ Opéra

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É também em Paris, na pâtisserie Dalloyau, ainda em atividade, que o doce l’opéra foi inventado. O criador Cyriaque Gavillon queria um bolo retangular com camadas aparentes que entregasse todo o sabor em uma única mordida. Muito moderno para a época, destacou-se dos demais ao oferecer esta receita pouco doce e especialmente sem álcool. De acordo com as versões, o nome dessa massa seria uma homenagem aos dançarinos da ópera ou ao reluzente piso do palco do Palais Garnier que lembraria a cobertura de chocolate do bolo.

La Religieuse

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Ainda que a religieuse tenha sido inventada por um sorveteiro napolitano chamado Frascati, por volta de 1856, no café que ele mantinha no Boulevard Montmartre, o doce não é menos parisiense por isso. Originalmente, era um quadrado de massa de chou recheado com creme e coberto com chantilly. Uma edição bastante simples, longe da atual religieuse, que consiste em dois choux sobrepostos decorados com um colar de creme em referência ao vestido das freiras.

Qual é o seu doce favorito? O meu é o mil folhas… amo!!!

Bisous :)

Carol

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Café Le Brebant: um endereço tropical em Paris

31 de julho de 2018 — by Carol Pio Pedro0

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Antes de minha última viagem a Paris, no fim de maio, já tinha ouvido falar diversas vezes do Café Le Brebant e ele já estava na minha lista há pelo menos 2 verões por conta de sua decoração super instagramada pelos insiders que sigo na rede social. Dessa vez não quis deixar passar a oportunidade e aproveitei os dias mais longos e amenos que antecedem a chegada da época mais alegre do ano para, enfim, conhecer a brasserie que me atraiu desde as primeiras fotos que vi.

Le Brebant - terrasse
Le Brebant – terrasse

Situado a poucos passos do Museu Grevin e aberto todos os dias, o Café Le Brebant é considerado uma instituição na região dos Grands Boulevards. Seus frequentadores são locais e fãs do bairro, mas também percebi um ou outro turista que veio certamente por indicação. Mesclando design pós-industrial com decoração tropical, o resultado é um ambiente super moderno, mas aconchegante e deslumbrante ao mesmo tempo: pé direito alto, mesas e cadeiras de madeira, muitos espelhos pendurados e dutos de alumínio quase-não-aparentes por uma floresta de lustres de ráfia e plantas suspensas.

Le Brebant - bar
Le Brebant – bar

Minha visita ao Le Brebant foi no jantar. Ainda era “dia” quando cheguei sozinha (anoitecia umas 21h20). A terrasse já estava movimentada, mas preferi sentar no interior da brasserie, no fundo do salão principal, porque queria uma localização estratégica para fotografar :)

Le Brebant - salão
Le Brebant – salão

O menu oferece uma boa variedade de pratos – clássicos franceses e frutos do mar – e ampla carta de cerveja e drinks. Pedi uma salada super bem servida de chèvre chaud acompanhada de uma taça de vinho branco e durante uma hora e pouco fiquei ali acompanhando a mudança do ambiente ao escurecer – a impressão de dentro do salão era a de estar sob um céu estrelado. Adorei o ambiente, achei o serviço bom e a comida estava deliciosa. No geral, o preço não é dos mais baratos, mas achei justo o quanto paguei levando em consideração os itens que citei acima.

Quero voltar outras vezes – agora com amigos para um bom happy hour – e recomendo a vocês que façam o mesmo!

  • Onde: 32 Boulevard Poissonnière, 75009 Paris
  • Horários: 7h30 às 5h, diariamente
  • Metrô: Grands Boulevards (linhas 8 e 9)

Bisous :)

Carol