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A região do Marais

27 de março de 2019 — by Carol Pio Pedro5

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Situado no coração da capital francesa, a região do Marais vem despertando cada vez mais interesse entre os viajantes que buscam conhecer uma Paris diferente daquela já consolidada no imaginário cujos bairros referência eram Quartier Latin e Saint-Germain-des-Prés. Enquanto essas áreas sofreram profundas mudanças durante a grande reforma promovida pelo Barão Haussmann na segunda metade do séc. XIX ganhando amplas avenidas, praças, parques, ruas arborizadas e unicidade arquitetônica – tal como conhecemos hoje – o Marais escapou ileso às obras de embelezamento, mas caiu no abandono por quase um século.

Ruas estreitas e fachadas tortas - Haut Marais
Ruas estreitas e fachadas tortas – Haut Marais

Desde sua revitalização, na década de 1970, o bairro se tornou uma das áreas mais efervescentes de Paris, um lugar único na cidade justamente por ter preservado seu traçado urbano e conjunto arquitetônico medieval. Hoje, a região que compreende os distritos (arrondissements) 3 e 4 se tornou um labirinto de lojas cool, excelentes cafés e restaurantes comandados por jovens chefs e muitas galerias de arte independentes – espaços de muita personalidade que ocupam prédios antigos de fachadas tombadas com letreiros indicando a antiga inclinação comercial do lugar. Um charme!

Fachada preservada do Boot Café, no Marais.
Fachada preservada do Boot Café, no Marais.

O Marais concentra grande parte da comunidade judaica e por isso a influência desta cultura é bastante presente nas ruas. Vemos sinagogas, escolas, lojas, pâtisseries e restaurantes especializados em comida kosher. O bairro também é point da comunidade LGBT, com muitos bares, livrarias e baladas voltados a esse público. Acho o máximo observar a dinâmica de convivência dessas duas comunidades.

Rue des Rosiers, uma das ruas mais movimentadas do Marais.
Rue des Rosiers, uma das ruas mais movimentadas do Marais.

Algumas dicas turísticas e outras bem pessoais do que ver:

Baixo Marais: compreende a área mais movimentada e frequentada pelos turistas.

  • Église Saint-Paul-Saint-Louis: uma monumental porta vermelha indica que você chegou à principal igreja do Marais, que foi construída durante o reinado de Louis XIII entre 1627 e 1641 para a ordem dos jesuítas.
Église Saint-Paul-Saint-Louis
Église Saint-Paul-Saint-Louis
  • Place des Vosges: é a praça planejada mais antiga da cidade e considerada por muitos a mais bonita também. Ao seu redor há 36 prédios com fachadas idênticas de tijolos vermelhos e em um dos apartamentos está o Musée Victor Hugo, antiga casa do famoso escritor.
Place des Vosges, minha paixão!
Place des Vosges, minha paixão!
  • Pâtisserie Sacha Finkelsztajn: situada na pequena e animada rue des Rosiers, essa loja de doces e pães kosher é uma graça, além de preparar coisinhas deliciosas. Geralmente está cheia, mas o atendimento é rápido.
  • Jardin des Archives Nationales: escondido no terreno de um antigo hôtel particulier (mansão), onde hoje funciona o Museu dos Arquivos Nacionais, esse belo jardim tem uma atmosfera romântica e acolhedora.

Haut Marais: compreende a área mais ao norte frequentada pelos locais

  • Marché des Enfants Rouges: classificado na lista de monumentos históricos esse é o mercado coberto mais antigo da cidade. Possui diversos stands de comida de diferentes partes do mundo e é atração concorrida entre os parisienses aos fins de semana.
  • Square du Temple: perfeito para uma pausa ou piquenique num dia ensolarado, esse jardim tranquilo e arborizado fica em meio à agitação da rue de Bretagne e rue du Temple – duas vias importantes do bairro repletas de bares e lojas.
  • BigLove Caffè: irmão caçula dos restaurantes italianos pertencentes ao grupo Big Mamma, o BigLoveCaffè também apresenta um cardápio caprichado. As pizzas sem gluten fazem o maior sucesso. Excelente pedida para um brunch no fim de semana num ambiente de mercearia italiana.
O delicioso Big Love Caffé, do grupo de restaurantes italianos Big Mamma.
O delicioso Big Love Caffé, do grupo de restaurantes italianos Big Mamma.
  • Merci: a conceptstore mais bacana na minha opinião! Ali você encontra de móveis e roupa de cama à itens de papelaria e sabonetes. Adoro o Café deles que tem as paredes cobertas de estantes com livros e as janelas com vista para um antigo Fiat 500 estacionado no pátio.
Concept store Merci - adoro!!!
Concept store Merci – adoro!!!
  • Musée Picasso: instalado em um belo hôtel particulier o museu possui um acervo fantástico de todas as fases do gênio cubista e sempre traz exposições temporárias relacionadas ao pintor. É um dos meus favoritos na cidade!

Minha sugestão é reservar um dia inteiro nessa região para ter tempo de explorar – sem roteiro – as ruazinhas, as lojas bacanas pelo caminho, as praças e jardins escondidos e aos poucos entrar no ritmo dos parisienses. Apesar do excelente comércio, o Marais é um bairro residencial e, portanto, ao longo de todo o dia você encontrará com os moradores exercendo sua rotina: pessoas indo para o trabalho, comprando pão na boulangerie, lendo jornal na terrasse dos cafés, crianças brincando nas pracinhas públicas na volta da escola, amigos se encontrando num fim de tarde ou saindo para jantar. Esqueça que você é um viajante e entre no clima do bairro!

Lindas fachadas do comércio no Haut Marais.
Lindas fachadas do comércio no Haut Marais.

Bisous,

Carol

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Maison Molinard e a alta perfumaria

12 de fevereiro de 2019 — by Carol Pio Pedro0

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A história do perfume data de antes do Antigo Egito, quando o ato de se queimar incenso era visto como uma forma de comunicação com os deuses, mas a perfumaria só se torna de fato uma indústria por volta do século 17, quando os perfumes passam a substituir a higiene pessoal. A moda conquistou a monarquia em Versailles e Paris passa a ser o reduto dos perfumistas.

Ingredientes usados nos perfumes da Molinard
Ingredientes usados nos perfumes da Maison Molinard

Quatro séculos depois e a França segue como referência no assunto, com maisons conhecidas mundialmente, como o caso da centenária Maison Molinard, reputada por seu savoir-faire e cultura artesanal ao redor do universo da alta-perfumaria.

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Após 30 anos longe da capital francesa, a marca aterrissou em 2017 no coração de Saint-Germain-des-Prés para a alegria dos fãs da marca, que até então contava apenas com duas lojas próprias e o idílico museu na região da Provence.

Museu Molinard em Grasse, Provence
Museu Molinard em Grasse, Provence

A história da maison criada na metade do séc. 19, em Grasse, se confunde com a história da própria cidade – capital mundial do perfume. Em 1849, Hyacinthe Molinard inaugura uma boutique para vender Eaux de Fleurs e rapidamente conquista importantes clientes, entre eles a rainha Victoria. No início dos anos 1900, abrem-se as portas da prestigiada casa provençal e desde então a fábrica histórica desperta a curiosidade de milhares de turistas vindos de todas as partes para descobrir os segredos de suas criações raras e únicas que só levam materiais nobres e naturais.

Cidade de Grasse, na Provence.
Cidade de Grasse, na Provence.
Destiladores no Museu Molinard, em Grasse, na Provence.
Destiladores no Museu Molinard, em Grasse, na Provence.

Os valores da maison estão impressos em cada detalhe na concept-store parisiense e visita-la é uma verdadeira experiência olfativa. No centro do salão, o piso coberto por ladrilhos e os móveis em madeira refletem suas origens provençais, enquanto o cobre quente traduz o universo industrial do perfumista e a cor violeta remete à identidade da marca.

Boutique Molinard, em Saint-Germain, Paris.
Boutique Molinard, em Saint-Germain, Paris.

Localizada na 72 rue Bonaparte, a boutique ainda oferece um jardim, pátio privado e no Atelier des Parfums pode-se criar a sua própria fragrância a partir das 100 essências e bases disponíveis. Recomendo a visita aos amantes do universo do perfume!

  • Onde: 72 rue Bonaparte,  75006 Paris
  • Metrô: Saint-Sulpice (linha 4)

Horários: Seg a Sex (10h às 13h – 14h às 19h) | Sab (10h às 19h)

Bisous :)

Carol Pio Pedro

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Van Gogh no Atelier des Lumières

4 de fevereiro de 2019 — by Carol Pio Pedro25

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Série de posts especiais para França On The Road Emoticon Bandeira França

Depois do sucesso da exposição de Gustav Klimt em 2018, agora é a vez da exposição imersiva de Van Gogh no Atelier des Lumières, que estreia em 22 de fevereiro.


A cidade que abriga alguns dos mais belos e importantes museus do mundo, como Louvre, Orsay e Grand Palais, tem mais um bom motivo para se orgulhar desde o ano passado: o primeiro centro de arte digital da cidade chamado Atelier des Lumières debutou na cena cultural nacional em abril de 2018 com uma exposição imersiva primorosa de Gustav Klimt e atraiu todos os holofotes ao longo do ano.

Tudo começa pela escolha do lugar, uma antiga fundição criada em 1835 – a fonderie du Chemin-Vert – que produzia peças para as estradas de ferro e para a Marinha. Determinado pela crise internacional, o fechamento da indústria ocorre em 1929 e o espaço é vendido à família Martin, especializada na fabricação e venda de máquinas operatrizes. A empresa se mudou em 2000 e o espaço permaneceu fechado por mais de uma década até que, em 2013, a Culturespaces – uma empresa gestora de centros de arte e organizadora de exposições temporárias imersivas e digitais – tomou conhecimento do lugar.

Fonderie du Chemin-Vert - foto atelier-lumieres.com
Fonderie du Chemin-Vert – foto atelier-lumieres.com

A ideia de utilizar a tecnologia para oferecer ao público uma forma alternativa de abordar a arte é um dos principais objetivos da Culturespaces, o nome que também está por trás do bem-sucedido Carrières de Lumières, um espaço de exposição imersivo aberto em 2012 na região da Provence onde obras-primas dos maiores artistas são projetadas nas paredes, pilares e pisos de uma antiga pedreira de calcário. Após 5 anos de intensos trabalhos na antiga fonderie du Chemin-Vert, a Culturespaces abriu as portas do Atelier des Lumières. Ao invés do calcário da Provence, estruturas metálicas são o pano de fundo para as projeções em Paris.

A primeira longa exposição aconteceu em torno da arte vienense do séc. 19. No maior espaço, Le Halle, o principal homenageado foi o pintor Gustav Klimt, muito conhecido pela obra “o Beijo”. A imersão é total e o show não é apenas visual, mas também auditivo, pois as obras foram projetadas ao som de Beethoven, Strauss e Wagner, envolvendo literalmente os visitantes!

Atelier des Lumières - exposição imersiva Gustav Klimt - foto atelier-lumieres.com
Atelier des Lumières – exposição imersiva Gustav Klimt – foto atelier-lumieres.com

O sucesso da exposição de Gustav Klimt foi tão arrebatador que o prazo de exibição se estendeu até o início deste ano, 6 de janeiro. Quem perdeu a exposição já tem outro bom motivo para programar uma viagem a Paris: a próxima grande atração já está confirmada e trará Vincent Van Gogh como homenageado principal entre fevereiro e dezembro de 2019.

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Atelier des Lumières – exposição imersiva Van Gogh – foto Gianfranco Lannazzi
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Atelier des Lumières – exposição imersiva Van Gogh – foto Gianfranco Lannuzzi

A exposição traçará a vida intensa do artista atormentado que pintou durante os últimos 10 anos de sua vida mais de 2000 pinturas, hoje espalhadas pelo mundo, e evocará o mundo interior desordenado, caótico e poético de Van Gogh, enfatizando um diálogo permanente entre a sombra e a luz.

O visitante viaja para o coração das obras, percorrendo um itinerário temático que traça as diferentes etapas da vida do artista durante suas estadias em Arles, Paris e Saint-Rémy-de-Provence. de suas paisagens ensolaradas às noturnas, seus retratos e naturezas-mortas.

La nuit étoilée, juin 1889, huile sur toile, 73,7 x 92,1 cm, Museum of Modern Art, New York - © Bridgeman Images
La nuit étoilée, juin 1889, huile sur toile, 73,7 x 92,1 cm, Museum of Modern Art, New York – © Bridgeman Images
Autoportrait, 1889, huile sur toile, 65 x 54,2 cm, Musée d’Orsay, Paris - © Bridgeman Images
Autoportrait, 1889, huile sur toile, 65 x 54,2 cm, Musée d’Orsay, Paris – © Bridgeman Images
La chambre, 1888, huile sur toile, 72 x 90 cm, Musée Van Gogh, Amsterdam - © Bridgeman Images
La chambre, 1888, huile sur toile, 72 x 90 cm, Musée Van Gogh, Amsterdam – © Bridgeman Images

Para evitar grandes filas compre o ingresso antecipado pelo site oficial.

  • Onde: 38 rue Saint Maur, 75011 Paris
  • Quanto: 14,50 € – tarifa cheia
  • Horário: aberto todos os dias, das 10h às 18h (horário estendido às sextas e sábados até as 22h)
  • Metrô: Estação Rue Saint-Maur (linha 3)

Bisous :)

Carol Pio Pedro