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Dicas úteis

Metrô de Paris: dicas e história

23 de março de 2017 — by Carol Pio Pedro0

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Coluna Joenilson Silva – Paris est ici


Bonjour tout le monde!

Bom dia a todos os leitores do blog. É com imenso prazer e enorme alegria que aceitei o convite da nossa amiga Carol de estar compartilhando aqui com vocês um pouco da história dessa cidade que tanto nos fascina – Paris.

Estaremos sempre publicando algo sobre a história da Ville Lumière, seus monumentos, fatos curiosos, o savoir-vivre dos parisienses e seus lugares insolites. Então vamos começar! Iniciaremos nossa viagem no Metrô de Paris.

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Metrô parisiense (foto: Joenilson Silva)

Um pouco de história:

Paris tem o segundo Metrô mais antigo do mundo – só perde em antiguidade para o de Londres, que fora inaugurado em 1863. Já o de Paris começou suas atividades em 1900. Inaugurado pela Compagnie des Chemins de Fer (Companhia de Caminhos de Ferro) em 19 de julho de 1900, o metrô parisiense ocupa há mais de um século um lugar central na vida cotidiana dos franceses. A cada dia são perto de 4,6 milhões de pessoas que utilizam as 302 estações do metrô, divididas sobre 219,9 km de vias e 16 linhas. Muito elogiado pelos parisienses desde o seu lançamento, o metrô não cessou de se desenvolver; de uma única linha em 1900, ele passou para 10 linhas já em 1911, antes de atingir seu número atual em 1998 com a abertura da linha 14, mais as linhas 3bis e 7bis, totalizando mais de 300 estações.

Desde 23 de março de 2013 com a abertura da estação Mairie de Montrouge ao extremo sul da linha 4, o metrô de Paris conta com 302 estações físicas e 383 pontos de parada, dos quais 9 se encontram localizados em estações terrestres e 17 são estações aéreas. A estação Abbesses, em Montmartre, é a mais profunda de Paris com seus 36 metros abaixo do solo.

E a estação mais frequentada? Voilá: La Gare du Nord, com mais de 51 milhões de usuários por ano. Já a estação menos frequentada é a Église d´Auteuil na linha 10, com somente 183.000 usuários por ano. Isso significa que a estação Gare du Nord atende o número de usuários anual da estação Église d´Auteuil em apenas 31 horas!  C´est super!

Le três célebre ticket (o famoso ticket): quem nunca voltou de Paris e em algum dia revirando as coisas se deparou com um ticket do metrô parisiense? Que belo souvenir. Se a sua aparência foi revista ao longo dos anos, seu tamanho se manteve inalterado, 6cmx3cm, desde a inauguração da primeira linha, em 1900. Vendido perto de 600 milhões de unidades por ano e utilizado diariamente por milhares de turistas e parisienses, o ticket do metrô é quase tão emblemático quanto o próprio.  Não é de admirar que esse pequeno pedaço de papel tornou-se tão cult.

Dicas úteis:

  1. Guarde sempre o ticket do metrô.
    Uma dica importantíssima ao utilizarmos o sistema de metrô em Paris é a de que quando passamos na catraca e acessamos os vagões, aquele tícket deverá ser guardado e só deveremos descartá-lo quando sairmos da estação. Há fiscalizações frequentes da prefeitura, onde nos é solicitado a apresentação do ticket. Caso joguemos fora antes do término da viagem será aplicada uma multa – e isso nós não queremos, não é mesmo?!
  2.  Segurança:
    Paris é uma cidade muito segura, dificilmente você ouvirá falar em assaltos à mão armada ou algo do gênero, mas a atenção tem que ser redobrada com os “Pickpockets” (batedores de carteira). Eles estão sempre nas estações de metrô e onde mais houver aglomeração de turistas. Então, muito cuidado quando estiver no interior dos vagões, pois é aí que ocorre a maioria dos furtos.
  3.  Assento preferencial:
    Ao adentrarmos o vagão perceberemos bancos retráteis próximos à porta. Muitos já entram e sentam ali pela comodidade, praticidade ou por desconhecimento mesmo. mas atenção: esses bancos são para uso de idosos e pessoas com deficiência. Para não passarmos pelo constrangimento de sermos obrigados a sair daquele lugar, o melhor é evitá-los.
  4.  Compra de tickets:
    Aqui vai uma dica de segurança: jamais comprar tickets de alguém que esteja no interior ou exterior das estações. Os tickets são vendidos dentro das estações, por funcionários da RATP nos guichês ou pelas máquinas de auto serviço.
  5. Zonas de uso:
    Ao comprarmos tickets para utilizarmos em Paris devemos ter em mente que aqueles só poderão ser usados dentro da Paris-intra muros, ou seja, zonas 1-2.
    Para visitar o Palácio de Versailles e a Eurodisney, o ticket a ser comprado é para a zona 4. Já para ir ao Outlet La Vallée Village, o ticket será para a zona 5.
    Muitas pessoas se aproveitam da vantagem do mesmo ticket usado em Paris (zonas 1-2) para acessar os destinos nos arredores da cidade, mas atenção: caso haja uma fiscalização – e sempre há -, você será multado em até 100 euros.

À bientôt, espero encontrá-los na próxima estação 30 Jours à Paris.

Joenilson Silva


Joenilson Silva é ex-presidente da Aliança Francesa do RN e um apaixonado pela história da França, sobretudo por Paris. O novo parceiro do 30 Jours à Paris divide seu tempo entre a Ville Lumière e Natal, cidade onde reside, e no momento escreve um livro sobre os monumentos parisienses. Joenilson contribui com artigos históricos sempre regados com dicas e sugestões de quem conhece Paris na palma da mão.

Contato:

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Joenilson Silva – @Paris_est_ici

 

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A legendária vela Cire Trudon

21 de março de 2017 — by Carol Pio Pedro0

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Se o luxo tivesse cheiro, certamente seria o da vela Cire Trudon. A Maison Trudon é a fabricante de velas mais antiga do mundo ainda em atividade e segue reinando ao longo de quase 4 séculos de existência da marca. Fundada pela família Trudon, em 1643, forneceu velas às principais catedrais e à corte do Rei Louis XV instalada em Versailles, diariamente, até o fim da Monarquia – tal feito se deve à compra da fábrica de cera mais famosa da época, a Manufacture Royale de Cire, em 1737. A maison sobreviveu à Revolução Francesa e, em 1811, passou a iluminar a corte imperial de Napoleão I.

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A Maison se manteve fornecedora de velas para igrejas e catedrais ao redor da França, até que, em 2007, iniciou a produção de velas de luxo perfumadas, reposicionou a marca e abriu sua primeira loja na Rive Gauche, próximo à Igreja Saint-Sulpice, em Saint-Germain. O sucesso foi imediato e desde então ela ilumina e perfuma algumas das marcas de maior prestígio no mundo. Em 2014, atravessou o Sena instalando-se no Haut Marais, na Rive Droite.

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A fabricação das velas combina processos tradicionais com técnicas inovadoras para obter a mais pura cera, 100% vegetal, livre de pesticidas, alergênicos e metais pesados.

Cada detalhe na Cire Trudon transmite fielmente o conceito de opulência que a marca carrega desde a sua fundação, da embalagem à exuberante decoração das lojas, onde as velas são exibidas em cúpulas de vidro, a fim de manter o aroma e prevenir que acumule sujeira. Vale a pena uma pausa na boutique para conferir o incrível trabalho que eles fazem. Apesar do extremo bom gosto da marca, as velas em formato de busto podem soar cafona, mas reproduzem o icônico presente que Napoleão I encomendou à Trudon quando seu filho nasceu: uma vela com sua imagem encrustada em ouro. Além de Napoleão, a casa também reproduziu bustos de outros clientes famosos e é divertido ver personagens históricos em velas!

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As velas perfumadas da Cire Trudon são uma excelente opção para presente, mas tanto esmero na fabricação tem seu preço: as velas possuem tamanhos e estilos variados e custam entre 49 e 400 euros.

  • Onde: 78 rue de Seine 75006 (loja em Saint-Germain) | 11 rue Sainte Croix de la Bretonnerie 75004 (loja no Marais) | 24 rue de Sèvres 75007 (loja Le Bon Marché).

Bisous,

Carol

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História dos Bouquinistes de Paris

15 de março de 2017 — by Carol Pio Pedro2

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Inscritos como Patrimônio Mundial da UNESCO, em 1991, les bouquinistes são verdadeiros personagens de Paris e fazem parte da paisagem bucólica em determinados trechos ao longo do Sena. Impossível não se sentir atraído por uma daquelas grandes caixas verdes de metal que contêm tanta história representada em livros, selos e gravuras quanto qualquer outra livraria tradicional na cidade. A grande vantagem para eles e para nós é que estamos diante de um cenário de filme, literalmente, e a atmosfera que se forma ali entre papéis, fotografias, cadeiras na calçada, pessoas indo e vindo e livreiros atendendo é muito convidativa.

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Les Bouquinistes de Paris – quai de Montebello.

Apresentando-os formalmente, les bouquinistes são os livreiros que exercem suas atividades operando cerca de 900 “caixas verdes” por mais de três quilômetros ao longo do Sena. A cor verde foi definida em referência ao primeiro metrô – os vagões verdes – e também às colunas de publicidade (colonnes Morris). Essas grandes caixas de metal instaladas no “parapeito” do rio e alinhadas uma após outra são simples containers quando estão fechadas, mas abertas se transformam em verdadeiras livrarias, com estantes e espaços definidos para cada artigo. Um charme! Tradicionalmente, o livro é o carro-chefe (estima-se um acervo de mais de 300.000 livros usados), mas também encontramos um grande número de revistas, selos e cartões postais.

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Les Bouquinistes de Paris – quai de Montebello.

Um pouco de história

Já no séc. XIII, uma vez ao ano, livreiros tinham a permissão de expor e vender seus manuscritos em “lojas itinerantes”, mas é com o surgimento da impressão em tipos móveis, na Alemanha, por volta de 1450, que o comércio de livros ganha um novo rumo e alguns comerciantes tomam posse das margens do Sena para vender exemplares usados. A pressão das autoridades reais e dos livreiros tradicionais passa a ser enorme para mitigar o comércio ambulante, até que conseguem proibi-lo a partir do início do séc. XVII até a metade do séc. XVIII.

Em 1789, o termo “bouquiniste” entra para o dicionário da Academia Francesa e durante o período da Revolução, apesar do declínio acentuado da produção editorial, os bouquinistes prosperam e se estabelecem na Pont Neuf, um ponto de entretenimento onde aconteciam performances, eventos musicais e leituras públicas.

Sob o regime de Napoleão I os bouquinistes ganham espaço com a construção dos novos quais e, finalmente, no reinado de Napoleão III, recebem autorização para exercer sua profissão instalando-se no quai Voltaire próximo à Pont Saint Michel.

Em 1859, a Câmara Municipal concede permissão para a instalação das famosas caixas verdes em lugares fixos e, em 1930, o tamanho dessas caixas é padronizado em 8 metros de comprimento. Atualmente, tudo é administrado e fiscalizado pela Prefeitura de Paris.

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Les Bouquinistes de Paris – Quai de Montebello.

É impossível passar batido, em todo caso, anote a localização exata dos bouquinistes: na Rive Droite (margem direita) estão desde a Pont Marie até o quai du Louvre e na Rive Gauche (margem esquerda), do quai de la Tournelle até o quai Voltaire. Meu ponto favorito para garimpar e fotografar os bouquinistes e suas caixas verdes é o Quai de Montebello (onde todas essas imagens foram feitas) por uma razão muito especial: a Notre-Dame aos fundos! Bom passeio!!!

Bisous,

Carol