Coluna Joenilson Silva – Paris est ici
Bonjour tout le monde!
Quem nunca ouviu falar da “Queda da Bastilha?! Mas o que foi a Bastilha? Qual sua importância na Revolução Francesa? Onde era localizada a Bastilha? O que resta dela atualmente? É possível ver traços dela ainda hoje?
D´accord, hoje desceremos na estação Bastille do metrô parisiense para conhecermos um pouco mais da história dessa antiga prisão do “Ancien Régime.”

A Bastilha: o antigo Bastião de Saint-Antoine construído no século XII, durante a Guerra dos Cem anos, era um mero portal para o bairro de Saint-Antoine, mas já em 1383, o portal fora ampliado para servir de fortaleza e defender o lado leste de Paris. De tão robusta que ficara a fortaleza da Bastilha, logo se tornaria a temida prisão parisiense, sendo o rei Louis XIII a ser o primeiro monarca a enviar prisioneiros para lá.
Ao longo do tempo a prisão foi perdendo seu status de fortaleza medieval e, no século XVIII, aquele lugar que causara tanto sofrimento, agora mais parecia um lugar de lazer e se transformara, realmente, em um grande depósito de armas do exército francês. Mas, justamente, por ter se transformado num grande depósito de armas e munição da “la grande armée” é que a Bastilha estava com seus dias de paz contados.
La Prise de la Bastille (a tomada da Bastilha): a tomada da Bastilha, assim como o Juramento do Jogo da Péla, são os fatos marcantes do início da Revolução Francesa e, certamente, um dos grandes eventos que marcaram, não só a história da França, como também de todo o mundo ocidental.
A história remonta ao 14 de julho de 1789, nos jardins do Palais Royal, quando o periodista revolucionário Camille Demoulins incitava todo o povo a marchar para o que ele chamou de caminhada para a liberdade. Talvez, nem o mais leigo dos franceses acreditasse que aquele ato que culminaria com a queda da prisão de la Bastille fosse mudar para sempre as estruturas do mundo ocidental.
Alimentados pelo fervor revolucionário, imbuídos pelas palavras de Demoulins, Robespierre, Danton, Marat e tantos outros oradores naquela manhã de 14 de julho, o povo parte; burgueses, desempregados e artesãos, todos marcham a um só destino: ao Hospital dos Inválidos, onde se sabia haver um considerável arsenal. Foram pilhados pela multidão cerca de 300.000 fuzis, mas lhes faltava o essencial: a pólvora. À frente da turba estava ele, sempre ele, Camille Demoulins, que logo guiou aqueles famintos de alimentos e de esperança para onde havia a vianda que faltava para o estopim da Revolução Francesa. A pólvora estava na já combalida prisão da Bastilha. Depois de um breve combate com uma centena de mortos, a Bastilha fora tomada e seus sete prisioneiros libertados.
Após o evento da tomada, a Bastilha já começara a ser demolida, em 16 de julho de 1789, ficando a cargo do monsieur Pierre-François Palloy, dito o “Patriota”, dono de uma empresa de demolições. Porém, ao final do trabalho e não tendo recebido o pagamento, Palloy ficara com a maioria dos escombros, principalmente as pedras menores, com as quais ganhou uma verdadeira fortuna vendendo-as como suvenires e esculpindo nelas réplicas da fortaleza da Bastilha. Ele também organizou passeios guiados com turistas para conhecerem aquele que teria sido o palco do maior evento da Revolução Francesa. Já os blocos maiores foram utilizados para terminar a construção da Pont de la Concorde. Hoje quando atravessamos essa ponte, estamos, literalmente, pisando em uma parte da história da França.
A Bastilha hoje: a prisão era situada justamente na praça onde hoje está erguida a Colonne de Juillet, que muita gente confunde como sendo um símbolo da queda da Bastilha. Não, a coluna de julho foi inaugurada em 1835 em comemoração aos três dias gloriosos de batalha que depôs Charles X. No alto da coluna repousa a alegoria Génie de la Liberté, obra do escultor francês Auguste Dumont.


Nessa mesma praça, em 1989, na ocasião do bicentenário da Revolução Francesa, foi inaugurado outro grande monumento: a Ópera Bastille. Mesmo que seja só para conhecer seu interior, vale muito a pena a visita a essa casa de ópera parisiense.

Dica: anote alguns dos melhores endereços gastronômicos da região, todos servidos pela estação de metrô Bastille (linhas 1,5 e 8).
- Brasserie Bofinger: 5-7 Rue de la Bastille, 75004 Paris
- Les Grandes Marchés: 6, place de la Bastille | 75011 Paris
- Café Rey-Bastille: 1 Rue du Faubourg Saint-Antoine, 75011 Paris
- Chez Paul: 13 Rue de Charonne, 75011 Paris
Bonne visite à tous, et à bientôt.
Joenilson Silva
Joenilson Silva é ex-presidente da Aliança Francesa do RN e um apaixonado pela história da França, sobretudo por Paris. O novo parceiro do 30 Jours à Paris divide seu tempo entre a Ville Lumière e Natal, cidade onde reside, e no momento escreve um livro sobre os monumentos parisienses. Joenilson contribui com artigos históricos sempre regados com dicas e sugestões de quem conhece Paris na palma da mão.
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