Visitar o famoso mercado de pulgas de Saint-Ouen era desejo antigo que só se concretizou agora em maio – antes tarde do que nunca Estabeleci que esse passeio era prioridade e organizei tudo de modo que: 1- deixasse uma manhã/início da tarde livre para isso – o marché só funciona de sábado, domingo e segunda; 2- tivesse companhia, pois não queria ir sozinha por conta da localização, na periferia de Paris.
Para quem acompanhou a viagem pelos Stories, no Instagram, sabe que todo meu roteiro dessa vez foi montado pela Moncompass, uma agência com foco em experiências sob-medida em Paris, mas de acordo com nosso cronograma eu tinha o domingo livre. Não pensei duas vezes e convenci uma grande amiga que mora na cidade a ir comigo.
Saímos de Neuilly-sur-Seine de carro por volta das 10h e chegamos ao nosso destino em pouco mais de 15 minutos. Nossa opção pelo automóvel foi por pura preguiça, pois existe um metrô bem ao lado do marché, a estação Porte de Clignancourt, linha 4. Os arredores do marché estavam lotados e demoramos para achar vaga… conseguimos parar em uma ruazinha residencial mais para dentro do bairro e voltamos caminhando pela avenida principal.
O receio inicial de estar em um lugar em que nada se parece com os cartões postais de Paris passou depois de alguns minutos enquanto ainda caminhávamos pela calçada dessa avenida tomada por barracas com produtos falsificados e de baixa qualidade e em nenhum momento sequer nos sentimos acuadas. O problema é que no meio de tanta confusão não conseguíamos achar o acesso para o mercado das pulgas. Fomos e voltamos até o metrô duas vezes até que… voilà! Encontramos uma pequena entrada na rue Jean-Henri Fabre.
Situado na cidade vizinha de Saint-Ouen, o maior mercado de antiguidades do mundo é, na verdade, um conglomerado de 15 marchés dispostos por temas, com oferta de produtos e ambientes distintos. Alguns comerciantes estão instalados em lojas, outros em espécies de galpões (que de tão bem decorados parecem cenário de filme) e por último stands menores, e esse conjunto vai formando labirintos que se abrem eventualmente em ruas mais largas.
A oferta é a mais variada possível, assim como os preços. Conheça um pouco sobre alguns marchés:
1- Vernaison: com 9.000m² e mais de 300 estandes, Vernaison é o marché referência, pois foi aqui que nasceu o Marché aux Puces Saint-Ouen, em 1920.
2-Antica: com pouco mais de uma dúzia de estandes e colado ao marché Vernaison, ali você encontra tapeçarias, bugigangas, art déco, Napoleão III.
3- Biron: antigo e prestigiado mercado de antiguidades, conta com 220 antiquários onde marchands de arte convidam os visitantes a compartilhar sua paixão por móveis, objetos de arte, joias, cerâmicas do oriente, art déco e art nouveau – do séc. XVII ao design contemporâneo.
4- Dauphine: inaugurado em 1991, o marché Dauphine oferece uma seleção de móveis e objetos sofisticados dos séc. XVII e XVIII e muitos objetos de arte dos séc. XIX e XX. Por aqui você também encontrará os bouquinistes (livreiros) e restauradores de arte.
5- Rosiers: não confunda com a rua de mesmo nome localizada no Marais. O marché Rosiers é um pequeno mercado com profissionais especializados em luminárias art deco, art nouveau, objetos em bronze e vidro do final do séc. XIX e início do séc XX.
Gastronomia
Já havia planejado de antemão onde almoçar, pois o marché abriga um restaurante que está super em alta, o Ma Cocotte. Projetado por ninguém menos que Philippe Starck, o menu oferece clássicos de bistrôs (como stake tartare e roast chicken) e de pubs (como hamburguers e fish&chips) e os valores são acessíveis (entradas em torno de 9€ e pratos principais em torno de 18€). O problema é que em determinado momento “topamos” com a entrada de um outro restaurante no meio de um corredor super estreito e confuso, e quando olhamos pela porta de vidro o que estava acontecendo ali dentro decidimos ficar.
Entramos no mundo paralelo e apertado do Chez Louisette, instalado dentro do marché desde 1967. O bistrô é repleto de souvenirs (igual casa de vó), luzinhas piscantes, muitos quadros e recortes de jornal pendurados na parede, um pequeno palco suspenso montado ao lado da porta, uma banda e cantores animadíssimos (idade média por volta dos 65 anos) que se revezam cantarolando chansons francesas. Uma em especial é a atração do lugar: a cantora Manuela que interpreta Piaf há mais de 40 anos. O cardápio serve clássicos franceses e sobre isso tenho que falar que minha amiga e eu dividimos um prato ma-ra-vi-lho-so e super bem servido! Não me recordo o nome ao certo, mas era um bife ao molho da casa!
Retornamos para casa por volta de 15hs felizes depois de uma volta ao passado – assim considero o passeio ao marché! Recomendo aos que gostam de feiras de antiguidades ou simplesmente aos que buscam passeios alternativos na cidade. Próxima vez retornarei para comer no Ma Cocotte e depois conto para vocês.
- Onde: Marché aux Puces de Saint-Ouen
- Horário: sábado (9h as 18h); domingo (10h às 18h) e segunda (10h as 17h).
- Metrô: Porte de Clignancourt (linha 4)
Bisous,
Carol