Os franceses são os precursores do que hoje entendemos por confeitaria e dominam essa arte como ninguém desde a chegada de Catarina de Médici à corte francesa na metade do sec. XVI. As pâtisseries são verdadeiros símbolos da França e muitos doces, conhecidos e consumidos mundialmente.

Para a nossa sorte o repertório de doces e sobremesas é enorme e, em meio a tantas pâtisseries espalhadas por toda a cidade, ainda há aquelas que especializadas em um único produto. Já postei aqui meus endereços favoritos de macarron, éclair e chou. Agora compartilho com você duas novas descobertas que tive durante a última viagem: a tarte tropézienne e o merveilleux.

1- La Tarte Tropézienne

Como o próprio nome sugere, é um doce típico da badalada praia de Saint-Tropez e um ícone da “art de vivre à la tropézienne”. Este brioche à la crème nasceu de uma “receita secreta de família” e foi alçado ao estrelato em 1955, durante as filmagens de “Et Dieu…créa la femme” quando Brigitte Bardot não só aprovou, como batizou o doce, nascendo assim “la tarte tropézienne”.

A fama logo percorreu o país e 5 décadas depois há mais de 20 lojas espalhadas pelo território francês, sendo duas delas em Paris. Foi na loja de Saint-Germain que descobri essa delícia, justamente, na véspera de St. Valentin (o dia dos namorados – comemorado em 14 de fevereiro) e por isso havia tortas em formato de coração… linda, além de saborosa, levinha e não muito doce.

Uma sobremesa simples e fácil de agradar. A pâtisserie ainda guarda sua receita a 7 chaves mas, basicamente, consiste em uma massa leve parecida com a de um brioche (me lembrou mais a de um chou), recheada com uma combinação perfeita de dois cremes e decorada com açúcar cristalizado. A torta inteira serve de 4 a 8 pessoas, mas para comermos sem culpa (?) existe a opção de tortinha individual… irresistível!

• Onde: La Tarte Tropézienne
• Endereço: 3 Rue de Montfaucon, 75006

2- Aux Merveilleux de Fred

O merveilleux é um merengue assado em forma de bolas, recheado com chantilly aerado e coberto por um ingrediente que pode variar entre chocolate, chocolate branco, praliné, café, cereja… A pâtisserie especialista no assunto chama-se Aux Merveilleux de Fred, que abriu as portas em 1997, em Lille. De lá pra cá a companhia se expandiu, inaugurando boutiques pela França (6 em Paris), Reino Unido, Suíça, Bélgica e até uma unidade em NY. À primeira vista, confesso que o bolinho assusta e a impressão é a de que a mistura seja extremamente doce e enjoativa.

Decidi experimentar o de chocolate branco, mas já na primeira mordida fiquei surpresa com o equilíbrio dos sabores, a leveza do chantilly e a crocância do merengue, que em seguida derrete na boca… Os tamanhos são: mini, individual ou bolo “tamanho família” – com até 24 pedaços. Um extra: a decoração das lojas é toda inspirada no Style Directoire, estilo decorativo em voga no fim do séc. XVIII. Maravilhoso!

• Onde: Aux Merveilleux de Fred
• Endereço: 94 rue Rue Saint Dominique, 75007

Bisous,

 Carol

Há alguns séculos, Paris era uma cidade completamente diferente e muito menor, delimitada por muros e algumas portas e arcos que indicavam a entrada para as avenidas reais e o caminho para os palácios. Atualmente, apenas quatro destes portões ainda estão de pé, cumprindo somente o papel de arcos do triunfo e não mais de passagem. O maior e mais conhecido deles é um dos principais monumentos da cidade, já os demais, igualmente imponentes e testemunhas da história parisiense, seguem no total anonimato para a maioria dos visitantes.

Descubra agora a história de cada um dos quatro arcos do triunfo de Paris:

La Porte Saint-Denis

É incrível admirar essa porta de 25 metros de altura localizada no cruzamento da Rue Saint-Denis com a Rue Faubourg Saint-Denis e do Blvd Saint-Denis com o Blvd Bonne Nouvelle em meio, literalmente, a tanto comércio, carros e pedestres. Inspirado no Arco de Tito, em Roma, esse arco do triunfo foi construído em 1672 em substituição a um portão medieval em honra a Louis XIV, vitorioso na guerra da Holanda.

No topo do monumento estão as palavras “Ludovico Magno”, que significa “A Louis, o Grande”. O arquiteto François Blondel e o escultor Michel Anguier não pouparam esforços para representar através de símbolos a vitória do Rei, como podemos ver nos dois obeliscos presentes em cada lado do arco comemorando a passagem do Reno por Louis XIV, e no friso superior simbolizando a sua vitória em Maastricht. A porta também atendeu à vontade de Colbert, com função de separar a cidade dos subúrbios – a Rue du Faubourg Saint-Denis levava diretamente à Basílica de Saint-Denis, uma via muito utilizada pelo Rei.

La Porte Saint-Martin

A poucos metros de distância da Porte Saint-Denis e com o mesmo intuito de separar o subúrbio da cidade, a Porte Saint-Martin de 18 metros de altura permanece imponente no cruzamento da Rue Saint-Denis com a Rue du Faubourg-Saint-Denis e do Blvd de Bonne-Nouvelle com o Blvd Saint-Denis. Colbert ordenou a construção do monumento, em 1674, em substituição a outro portão medieval também em homenagem à glória de Louis XIV em sua vitórias no Reno e em Franche-Comté.

Um pouco mais simples do que o primeiro, a Porte Saint-Martin não é menos rica em símbolos: o arquiteto Pierre Bullet representou Louis XIV protegendo uma mulher da águia alemã para simbolizar a derrota dos alemães durante a batalha de Limburg, em 1665, e recebendo as chaves das mãos de uma mulher ajoelhada em referência direta à tomada de Besançon. No topo, mais uma vez a inscrição traduzida como “A Louis, o Grande”, por ter tomado duas vezes Besançon e Franche Comté, além de ter derrotado os exércitos alemães, espanhóis e holandeses.

L’Arc de Triomphe du Carrousel

Muito diferente das outras portas e arcos de Paris, L’Arc de Triomphe du Carrousel, localizado entre o Louvre  e o jardim de Tuileries, tem uma aparência mais sofisticada, apesar de ser o menor dos 4, com 15 metros de altura. Nas duas faces há colunas de mármore vermelho e branco, baixos-relevos complexos e ainda uma escultura no topo – uma carruagem puxada por quatro cavalos – uma cópia do trabalho que adorna a porta da Basílica de San Marco, em Veneza. À época de sua construção, em 1808, esse arco era a porta de entrada para o pátio do Palais de Tuileries – o palácio real que foi incendiado pelo movimento popular conhecido como a Comuna de Paris, em 1871. Foi encomendado por Napoleão Bonaparte com o intuito de celebrar as grandes vitórias do exército francês, como a batalha de Austerlitz, por exemplo. Hoje, é parada obrigatória aos que visitam o Louvre e o jardim de Tuileries.

L’Arc de Triomphe de l’Étoile

Um dos cartões postais da cidade, o Arco do Triunfo de l’Étoile, também foi uma porta! Originalmente, Napoleão queria que este fosse o ponto de entrada para uma avenida que ligasse o Louvre à Bastilha, um arco pelo qual os pedestres passassem para chegar ao subúrbio Saint Antoine (Faubourg Saint Antoine). Mas acima de tudo, o imperador encomendou ao arquiteto Jean-François-Thérèse Chalgrin um arco que representasse as grandes vitórias do exército francês. A construção do monumento foi concluída em 1836 e em seus quase 50 metros de altura é possível admirar as gravuras e esculturas que retratam as grandes batalhas dos tempos do Império e da Revolução. Atualmente, sua localização no centro da enorme rotatória ao fim da Champs-Elysées é um dos endereços mais famosos do mundo. Uma curiosidade: desde 1920, no primeiro andar do arco, está o túmulo de um soldado francês que morreu durante a Primeira Guerra Mundial, o famoso “soldado desconhecido”.

Em sua próxima ida à Paris expanda o raio de visitação e inclua a Porte Saint-Denis e a Porte Saint-Martin, localizadas no 10ème, em seu roteiro. Apesar do entorno direto não ser tão bonito quanto à Champs-Elysées e o Jardim de Tuileries, afirmo que vale a pena conhecer os monumentos de perto. Além disso, essa região bastante popular esconde bons endereços, mas isso é assunto para um outro post!

Bisous,

Carol

fonte: Paris Zig Zag